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Law Care: há 25 anos, a verdade

Não há uma só forma de exercer a advocacia, mas todas elas têm em comum a sobrecarga psicológica. Trata-se de importar problemas alheios e torná-los próprios. Ficar à mercê de resultados que não se determinam e amiúde são imprevisíveis. Conviver com o apreço e com a ingratidão que o anula. Ser perseguido pela ideia de se estar sempre aquém. Gerir relações pessoais, tanta vez insuportáveis.

A somar a isto, é a pressão dos prazos, o elevado volume de horas de trabalho, o não ter real descanso quando os problemas não abandonam o tempo de repouso.

A advocacia forense – e entre todas elas a advocacia criminal – a tudo isto junta um exercício permanente de sinal contraditório, o aproximar o mais perto possível da pessoa que se assiste e distanciar o necessário para que seja possível levar a cabo aquilo que a profissão exige. Isto num contexto em que tem de se gerir casos sobre casos, sempre com o conceito de urgência, sempre num ambiente em que cada um quer saber do seu. Tornar o que poderia ser uma missão cívica uma remuneração. Ficar à mercê das contingências da vida, do dito mercado, das incapacidades que, no entanto, os deveres não perdoam.

A fórmula “o cliente tem um problema, o advogado um caso” significa, por outro lado, que a construção jurídica que transmuta o problema em caso implica uma acrescida responsabilidade para o advogado que arrisca o resultado dessa formulação.

Estranhar-se-á que haja casos de exaustão, situações de depressão, toda uma vasta gama de problemas psicológicos entre a advocacia? O que se estranha é que, num mundo de autopromoção constante, em que cada escritório parece povoado de heróis e criaturas infalíveis, o tema não seja objecto de menção.

Vem isto a propósito do que li há muito tempo e agora me regressou ao vê-lo citado num artigo de revista jurídica. Situa-se no Reino Unido e chama-se Law Care. O nome já explica. Quem quiser poderá ler mais a partir daqui. O propósito é cuidar do bem estar da comunidade jurídica. Existe há 25 anos.

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